domingo, 12 de agosto de 2007

Emily Dickinson

* A MONJA DE ANHERST
por Aldemi.
Publicado originalmente no Mutante Zine Nº 01 ano 94/95
e
posteriormente nesse link


Compreender a beleza sutil e contagiante da poesia de Emily Dicknson é penetrar solene dentro das finalidades poéticas da mesma, dentro da imagem criada à sua própria imagem , do "Amante" que jamais viria a conhecer, a não ser em imaginação.

Filha de Edward Dickinson, proeminente advogado de Amherst, Massachusetts, educou-se
na Academia da cidade e freqüentou durante um ano o seminário feminino de Mount Halyoke.Sua vida pública foi de todo banal, pois vivia sossegadamente em casa e, nos últimos vinte e cinco anos de vida, não manteve contato com ninguém, a não ser os amigos mais próximos.

Além da predominante vida solitária e reclusa que manteve, em vida foram impressas apenas dois de seus poemas. Escrevia em segredo e ocultava a sua produção mesmo da família. Antes de morrer, havia composto bem mais de mil curtas peças líricas, sua "epístola para o mundo".

Emily é uma daquelas poetisas, que nós pobres e meros admiradores, repetimos a leitura de seus poemas cerca de 532 vezes e sempre encontramos algo de novo eu se relacione com a nossa própria vida. Ela registrou a vida à sua volta como ela realmente é, fatos e incidentes que não ultrapassavam a casa ou o jardim, mais ainda sem grandes e preciosos vislumbres sobre os eternos mistérios do amor e da morte. Seu espírito era penetrado de paradoxo, como se a sua visão,à semelhança dos olhos dos pássaros, incidisse em direções opostas sobre os dois mundos dos valores materiais e imateriais.

Antes de tudo, ela era confessionário da Beleza da Verdade, do mundo inacabado para quem insiste em procurar texto, parte de um todo que não conseguiu com a vida.
Nascimento - 1830
Morte - 1886

Beleza e Verdade
Emily Dickinson

Morri pela beleza, mas apenas estava
Acomodada em meu testemunho,
Alguém que morrera pela verdade,
Era depositado no carneiro próximo.

Perguntou-me baixinho o que me matava.
-A beleza, respondi.
-A mim, a verdade, - é a mesma coisa
somos irmãos

E assim como parentes que uma noite se encontram,
Conversamos de jazigo a jazigo
Até que o musgo alcançou os nossos lábios
E cobriu os nossos nomes.

Nenhum comentário: