quarta-feira, 20 de dezembro de 2006







Snooze

Monstro Discos/Solaris Discos (2006

Após quatro anos de peregrinação, eis que finalmente surge o terceiro trabalho destes guerreiros sergipanos. ‘Snooze’ é o título do disco, fruto de uma parceria triangulada pela Monstro Discos, o selo Solaris Records e a própria banda. A certeza que temos ao ouvir o disco é de total alegria.

É a simbiose perfeita da maturidade adquirida por mais de uma década de história no meio alternativo, erguidos no inicio da década de 90, sem o auxilio do atual braço direito das bandas, a internet, consolidada através da participação nos principais festivais nacionais e lapidado por horas a fio ouvindo rock e discutindo rumos. É o trabalho definitivo da banda. O melhor deles e certamente um dos melhores de 2006.

Bastiões do noise/power/pop brasileiro, são os conhecidos guerreiros indie da simpática Aracaju/SE, lutando entre axé/forró e a habitual dificuldade local de seguir com seu trabalho. Provavelmente tal dificuldade levou três dos seus integrantes a residirem fora. E assim, os bardos seguidores da ordem “Jesusmarychaniana” seguem na trincheira, com um punhado demos/participações em coletâneas, festivais e três discos lançados. Três discos? Pensa que é moleza? Ali na terra do outrora dono João Alves, eles são heróis, com todo mérito. Perguntem a Renata 7-up, Mano, Estranho, Babalu, Léo,Werden, Saulo…e Aldemi. Eis a família Snooziana.

Snooze’ foi gravado entre fevereiro de 2004 e janeiro de 2005, produzido e arranjado pela própria banda. Aqui encontramos uma banda definitivamente madura, ciente de sua história e do seu caminho. O álbum marca a incorporação de novos instrumentos e ritmos, sem deixar de lado a velha veia noisistica. O disco abre com ‘Words for You’, rock “snoozer”, namorando com o blues, com a habitual pegada de bateria, guitarras ganchudas e uma gaita pontuando a canção, com direito a sample do The Who em ‘I’ve Had Enough’. ‘Loser’s Kiss’ é a porção power pop noise habitual de todo disco da Snooze, bela melodia conduzida por riffs de guitarra seguro. Uma das mais aplaudidas ao vivo. ‘Fado’ é leve, pop, assoviável e tem ligação direta com a força juvenil dos primeiro disco. Destaca-se também ‘Love & Death (No Conclusion)’ com sua mescla de pop/experimental. ‘Sunshine’ é a canção de amor mergulhada nos Beatles e com resultado agradabilíssimo. ‘Snoozing All The Time’ é linda, inicio popesco bem Smiths, vai crescendo até uma zoeira digna da Juventude Sônica e executada com maestria. Noise é isso, man.. Beatles, blues, gaita e a banda arrumou espaço também para uma bela canção instrumental, ‘Um Resfriado’. E fecha o disco com 13m40 de puro noise com ‘Stay With Me/noiserockisthejazzofthefuture’. Agora, minha predileta é ‘The Song Of Our Lives’, linda canção, de andamento instrospectivo/reflexivo, passeando entre o noise, o power pop e aditivada por uma gaita virulenta. Típica canção para ser deleitada sábado á noite, enquanto a chuva impõe toque de recolher e você sorve um bom vinho. Uma canção clássica, para um disco definitivo de uma grande banda brasileira. DISCO maiúsculo mesmo.

*publicada originalmente no SenhorF

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