Superguidis

“A Amarga Sinfonia de Um Superstar" (Senhor F,2007)

Música é um bicho complicadamente simples.Tantos adjetivos são encontrados e direcionados, amparados em formatações e preferências que podem retratar ou exterminar o sentimento. O rock é assim por excelência, é um bode expiatório para siglas e tendências, vasto universo para a exploração da emoção. O Superguidis absorve com maestria essa emoção e rega seu rock com simplicidade, coragem e sinceridade. Raríssimas bandas brasileiras conseguem tal atitude. Ponto para os gaúchos.

“A Amarga Sinfonia de Um Superstar" foi lançado pelo Senhor F Discos e recentemente foi totalmente liberado para download no site da TRAMA VIRTUAL, na seção download remunerado . “A Amarga Sinfonia....” é a seqüência natural da homônima e ótima estréia. Com produção de Phillipe Seabra (Plebe Rude) e mixagem/masterização de Gustavo e Thomas Dreher, a banda mergulha fundo no rock alternativo, nas guitarras encharcadas, pisa fundo na sinceridade e já que no rock o negócio é fazer barulho , nada mais óbvio que caprichar nas guitarras , aqui limpas e musculosas, dosagem eficiente da produção. Aliás, a julgar pelo que conseguem fazer ao vivo, este é outro grande mérito do disco, a capacidade de ter transportado todo o vigor para o estúdio. Cada riff, as viradas de bateria e a excelência dos vocais, talvez essa a marca chefe do som da banda.

Musicalmente o disco é fruto bem processado de fortes influências do rock alternativo americano, leia-se, Superchunk, Guided By Voices e Sonic Youth. E veja bem, fortes influências intensamente internalizadas de forma a gerar um som personal e sincero. Assim como o disco anterior, esta recheado de grandes canções. Destaques para “A Exclamação”, “O Cheiro de óleo”, “Por Entre as Mãos”, “Mas do Que Isso” e, minha predileta, “Mais um dia de Cão”. Poucos discos de rock brasuca foram tão bem gravados e executados com excelência de bandas gringas e no sotaque brasuca. Acho que o último que me causou tamanha impressão foi o clássico disco do ASTROMATO. Mais um ponto para os gaúchos.

Sem apelar para o cabecísmo que toma conta de determinadas bandas e/ou mergulhar pesadamente em misturas mirabolantes e senso de humor questionável, o Superguidis percorre o caminho mais simples e ao mesmo tempo o mais ingrato. Faz rock por ser rock. Isso implica dizer que não estão buscando nova formula e nem buscam ser os novos queridos da Universal. Pegam suas guitarras, despejam sentimento e saem por ai....tocando, compondo e procurando novos shows. Isso é atitude. Como falei sobre o primeiro disco "Sem firulas, maneirismo ou conceitos 'diferentes', estes garotos fazem rock com jeito de rock". Eis minha banda brasuca predileta.E esse desde já esse é um disco clássico.

Superguidis - Mais Um Dia de Cão (demo)