segunda-feira, 25 de dezembro de 2006

10 Melhores de 2006 do Eittanoise

Abaixo os 10 melhores discos internacionais, sem ordem de preferência:

  1. Graham Coxon – “Travels At Ilegal Speeds “
  2. Band Of Horses – “Everything All The Time”
  3. Snow Patrol – “Eyes Open”
  4. The Pipettes – “We are The Pipettes”
  5. I’m From Barcelona – Let Me Introduce My Friend
  6. Micah_P._hinson_and_the_opera_circuit-s/t
  7. Saturday Looks Good To me – “Sound on Sound”
  8. The Decemberist – The Crane Wife
  9. The Lemonheads – s/t
  10. Portastatic- Be Still Please




sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

10 melhores discos nacionais do Eittanoise

Abaixo os 10 melhores discos nacionais, sem ordem de preferência:

  1. Mombojó – O Homem Espuma
  2. Pelvs –Anotherspot
  3. Cibelle –The Shine Of Dried Electric Leaves
  4. Supercordas – Ruradélica
  5. Superguidis – s/t
  6. Snooze – s/t
  7. Pessoas Invisíveis – s/t
  8. Ronei Jorge & Os Ladrões de Bicicleta – s/t
  9. Los Hermanos – 4
  10. Terceira Onda – O Novo Rock de Brasília

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006







Snooze

Monstro Discos/Solaris Discos (2006

Após quatro anos de peregrinação, eis que finalmente surge o terceiro trabalho destes guerreiros sergipanos. ‘Snooze’ é o título do disco, fruto de uma parceria triangulada pela Monstro Discos, o selo Solaris Records e a própria banda. A certeza que temos ao ouvir o disco é de total alegria.

É a simbiose perfeita da maturidade adquirida por mais de uma década de história no meio alternativo, erguidos no inicio da década de 90, sem o auxilio do atual braço direito das bandas, a internet, consolidada através da participação nos principais festivais nacionais e lapidado por horas a fio ouvindo rock e discutindo rumos. É o trabalho definitivo da banda. O melhor deles e certamente um dos melhores de 2006.

Bastiões do noise/power/pop brasileiro, são os conhecidos guerreiros indie da simpática Aracaju/SE, lutando entre axé/forró e a habitual dificuldade local de seguir com seu trabalho. Provavelmente tal dificuldade levou três dos seus integrantes a residirem fora. E assim, os bardos seguidores da ordem “Jesusmarychaniana” seguem na trincheira, com um punhado demos/participações em coletâneas, festivais e três discos lançados. Três discos? Pensa que é moleza? Ali na terra do outrora dono João Alves, eles são heróis, com todo mérito. Perguntem a Renata 7-up, Mano, Estranho, Babalu, Léo,Werden, Saulo…e Aldemi. Eis a família Snooziana.

Snooze’ foi gravado entre fevereiro de 2004 e janeiro de 2005, produzido e arranjado pela própria banda. Aqui encontramos uma banda definitivamente madura, ciente de sua história e do seu caminho. O álbum marca a incorporação de novos instrumentos e ritmos, sem deixar de lado a velha veia noisistica. O disco abre com ‘Words for You’, rock “snoozer”, namorando com o blues, com a habitual pegada de bateria, guitarras ganchudas e uma gaita pontuando a canção, com direito a sample do The Who em ‘I’ve Had Enough’. ‘Loser’s Kiss’ é a porção power pop noise habitual de todo disco da Snooze, bela melodia conduzida por riffs de guitarra seguro. Uma das mais aplaudidas ao vivo. ‘Fado’ é leve, pop, assoviável e tem ligação direta com a força juvenil dos primeiro disco. Destaca-se também ‘Love & Death (No Conclusion)’ com sua mescla de pop/experimental. ‘Sunshine’ é a canção de amor mergulhada nos Beatles e com resultado agradabilíssimo. ‘Snoozing All The Time’ é linda, inicio popesco bem Smiths, vai crescendo até uma zoeira digna da Juventude Sônica e executada com maestria. Noise é isso, man.. Beatles, blues, gaita e a banda arrumou espaço também para uma bela canção instrumental, ‘Um Resfriado’. E fecha o disco com 13m40 de puro noise com ‘Stay With Me/noiserockisthejazzofthefuture’. Agora, minha predileta é ‘The Song Of Our Lives’, linda canção, de andamento instrospectivo/reflexivo, passeando entre o noise, o power pop e aditivada por uma gaita virulenta. Típica canção para ser deleitada sábado á noite, enquanto a chuva impõe toque de recolher e você sorve um bom vinho. Uma canção clássica, para um disco definitivo de uma grande banda brasileira. DISCO maiúsculo mesmo.

*publicada originalmente no SenhorF

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Faixa-a-faixa - Sn00ze(2006)



[rafael]
Bom, o CD é organizado como um vinil duplo, com “04 lados” linkados com a arte de Duardo… analisando cada faixa, essas são minhas percepções gerais.
[fabinho]
Como compositor ativo de 10 das 12 canções, procurei completar as impressões dele com dados da feitura das músicas, estórias e outras impressões.
Lado 1
01 – WORDS FOR YOU
[rafael]
Depois do barulhinho da agulha e ruídos de vinil, entra a bateria sampleada de Keith Moon (The Who), e minha virada na seqüência imitando-o. É um rock stoniano que mostra de cara uma das facetas do álbum, temos aqui muitas guitarras temperadas com gaita, cow-bell, pandeirola e backing vocais.
[fabinho]
Os riffs foram idéias distintas que CJ levou lá em casa pra trabalhar. O que fizemos foi “colar” literalmente uma na outra. Nada muito original, Lennon e McCartney fizeram muito isso… Ao rabiscar a letra posteriormente foi que fiz a melodia vocal (um processo típico meu). É bom registrar que essa música foi a primeira arranjada pelo quarteto recém-formado com a chegada de Marcelo, e desde então abriu todos os shows da banda.
02 – LOSER’S KISS
[rafael]
Clínio Junior assume os vocais nesse rock sobre amor, que tem um som massa de teclados e um final meio violento, com muitas guitarras. Nos refrões, guitarras dedilhadas e violões.
[fabinho]
CJ tinha uma melodia na cabeça e conta que a música saiu toda de uma vez, “vomitada”. Inclusive o riff de bateria na introdução veio pronto! Os timbres de guitarra tentam uma aproximação com Cocteau Twins, MBV e Pale Saints.
03 – FADO
[rafael]
Vem emendada e ataca de forma dura inicialmente, mudando radicalmente quando a voz de Fabinho entra, algo doce e contemplativo. Acho que é a melhor performance vocal da história da Snooze, interpretação soberba do brô. No final tem um trabalho muito legal de guitarras com phasers, junto com a sujeira “bigmuff” de CJ.
[fabinho]
Essa música é em Dó, que muda pro Fá, daí que Fa-Do era um título de trabalho que a gente nunca se esforçou pra rebatizar. Na gravação, gosto bastante dos backings de CJ e Marcelo! Junto com “the song of our lives” foi das primeiras músicas compostas pela parceria DeOliveira/ Guimarães (ou seja, eu e Clínio).
04 – LOVE&DEATH (NO CONCLUSIONS)
[rafael]
Decididamente é o lado das guitarras, aqui rola até um solinho de talk-box, cortesia de Léo Ximenes. A primeira pista pro experimentalismo do disco está aqui também: uma mudança de clima no meio deixa tudo mais denso, e a volta ao refrão segue a mesma onda, antes do grand finale. A letra cita “Only You” do Portishead e sua cantora Beth Gibbons.
[fabinho]
Eu sou muito fã de Spiritualized, CJ é muito fã de Spaceman3, e apesar de não termos mais o “Spaceboy” na banda, a parte B da música bebe diretamente nas pirações de J. Spaceman, com pitadas de Sonic Youth. A letra eu fiz com Maíra, que assim como eu é apaixonada por Beth Gibbons. O título é um roubo do roubo. Woody Allen tem um filme batizado “Love & Death” (no Brasil “A última noite de Boris Grushenko”), que por sua vez pegou emprestado de um romance do russo Léo Tolstoy.



Lado2
05 – SUNSHINE
[rafael]
Um espaço maior, agulhinha de vinil, e entra a canção mais pop do disco, melodia ensolarada, bem Beatles, com banjo, metais e flauta. Marcelo fez uma música muito linda, e canta com a alma também. Foi sua primeira contribuição para a Snooze como compositor.
[fabinho]
“Rise and shine”! A melodia é muito bonita mesmo. A condução baixo/ bateria é das mais simples, mas casou bem. Às vezes, menos é mais.
06 – THE SONG OF OUR LIVES
[rafael]
Outra pra tocar a alma, com arranjo bem construído, num clima “folk com Teenage Fanclub”. A gaita de Julio Vasconcelos rouba a cena, valoriza e muito a canção.
[fabinho]
Gosto de vários pequenos detalhes: o fato de estar numa tonalidade diferente (SiBemol), as três vozes que vão se complementando, e as diversas influências convergindo no arranjo final…
07 – SNOOZING ALL THE TIME
[rafael]
Dos tempos de Daniel Garcia, essa. A canção mesmo é curta e “acústica”, com uns samples de David Bowie e The Who no início e fim da faixa. Fabinho soa descompromissado e sonolento, funciona. Depois a música caminha para um lado mais experimental, lembrando Sonic Youth.
[fabinho]
Insisti em retomar essa música pro novo disco, porque notei que na época que a gente a tocava (1996), ela ficava meio perdida no repertório, e agora os trabalhos de guitarras (na época era só uma) tem mais a ver com a proposta. A parte final foi usada na abertura da peça “A Cantora Careca”!
08 – SING
[rafael]
Finalizando o Lado B temos essa surf-song com letra do amigo Saulo Coelho e noises de guitarra bem legais. Outra referência aos sixties de uma maneira distinta de “Sunshine”: agora são palmas, e timbres saturados de guitarra, como as bandas de surf music instrumental da época.
[fabinho]
Na verdade Saulo apareceu em minha casa com a letra mais a melodia cantada, com a métrica e tudo. O meu “trabalho” foi achar os acordes e transformar em música. O mérito é todo dele! A banda a toca desde 2001, ainda com Mauro na formação. A música acabou crescendo bastante em estúdio, é a versão definitiva.



Lado 3
09 – “UM RESFRIADO
[rafael]
Aqui temos a ironia do título em português, só que a música é instrumental… Fizemos para uma peça de teatro e o Léo Sant’anna fez um som bacana de theremin, parece trilha de filme de terror… Tem uns efeitos e filtros no som de bateria que curti bastante. Passei a gostar mais ainda dela quando Sílvio da Karne Krua me era a predileta dele neste disco…
[fabinho]
Uma grande viagem, que começou sem grandes pretensões, mas acabou virando uma faixa rica, com diferentes sonoridades. A parte aproveitada na peça foi a introdução e o que segue em modo “repeat” – o que não acontece no disco, sem passar para as outras partes. Ah! “Um resfriado” era parte da fala do personagem da peça (o bombeiro). Falar em bombeiro, Rafael mandou muito bem…
10 – THE SKY AND THE RAIN
[rafael]
Um rock bacana, parceria de Fabinho com Gilberto Monte do Tara Code (BA). Não sei dizer com o quê parece, acho bem “snooze” e no meio rolam umas idéias bem legais de arranjo e vocais…
[fabinho]
GM tocou comigo e Rafael numa blues band local, antes de se mudar para Salvador, e ele freqüentemente tocava pra mim esse som – na época, instrumental – em afinação aberta, típica do blues. Aprendi a tocá-la, e sempre gostei de brincar com essa afinação. Anos depois percebi que ele nunca a havia usado e tomei a liberdade de torná-la uma música do Snooze, com letra viajandona.
11 – FUCKED-UP KID, ETC.
[rafael]
Essa é a outra contribuição de Marcelo Moura no disco, dessa vez em parceria com Fabinho. É a mais lenta e melancólica, escrita em compasso ternário. Acabou ganhando um arranjo de cordas, que ficou bem legal. Assim como as outras faixas do “lado 3”, ela nunca foi tocada ao vivo.
[fabinho]
Feita em uma noite apenas, quando eu e Marcelo partimos da letra deprê, terminando com talvez a música mais ousada da banda. Gosto bastante da progressão dos acordes, um verdadeiro salto comparado aos três acordes ramonianos da primeira fita, 10 anos atrás. Os arranjos de cordas foram feitos primeiramente em SP por Norberto Vinhas, um guitarrista muito importante pras Alagoas, e terminado intuitivamente por nosso Dr. Música Hugo, que gravou as violas fazendo overdub, em Aju.
Lado 4
12 – STAY WITH ME/ noiserockisthejazzofthefuture
[rafael]
Aqui é nossa viagem pelo barulho, a metade dos mais de 12 minutos é noise total, algumas pessoas não devem chegar até o fim da faixa, haha. Eu, particularmente, prefiro a parte “musical”, antes de rolar a jam e improvisos no estúdio… o refrão “come back baby, stay with me” é um dos mais fortes no CD.
[fabinho]
Clínio tinha essa “letra” rabiscada num pedacinho de papel, e eu tinha uma música a ser terminada. Casamento perfeito, vozes muito bem colocadas, e todo aquele resto, resultado das várias sessões de improvisação coletiva pelos shows em Aracaju. O “nois-e-rock” é a trilha de bateria virada ao contrário, obviamente descontruída, ou melhor, destruída pela barulheira infernal.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

Snoozing All The Time


Rafael Jr. é aquela pessoa que todos nós deveríamos ter como amigo, vizinho e colega do trabalho.Atencioso e compreensivo, moldou sua história na música sergipana cercado de bom senso e talento. Assim, fincou seu nome no rock na base da raça, sinceridade e da competência. Mesmo com participações em projetos paralalos, seu carro chefe sempre foi Snooze, representante sergipana há mais de 10 anos do noise pop ou guitar band, como preferem alguns.
Ultrapassados mais quatro anos de batalha, a SNOOZE esta na praça com disco novo , lançado pela Monstro Discos, em parceria com a Solaris Records. O que diz o novo disco? seguramente melhor da carreira e um dos melhores lançamentos do ano. Batemos um papo virtual com Rafael Jr antes da ida para o Goianianoise( aproveitamos e colhemos sua impressão do que foi o festival) e emendamos um faixa a faixa do disco novo, ao lado do irmão-vocalista-baixista Fabinho Snoozer:
Eitta-No release do disco novo, vocês comentam sobre a coincidência no intervalo do primeiro para o segundo disco e para este. Qual a diferença desse novo trabalho para os anteriores?
RafaelJr>-Fora o fato de ser um disco conceitual (um vinil duplo lançado no formato CD), a diferença principal é que acho o CD mais maduro e bem resolvido até agora, em todos os aspectos. Mas a essência da banda é a mesma, a gente mantém o espírito incial e acho que isso é o mais importante.




Eitta-Como foi o processo de gravação e o de acerto com gravadoras para lançar disco?
RafaelJr-Foi um processo meio longo e árduo, emperrou um pouco mas valeu a pena, afinal os 2 sêlos que estão na parada sâo parceiros antigos, capitaneados por gente que a gente respeita e tem uma relação de amizade também. Começamos a gravar em 2004, continuamos sem Fabinho (que foi pra São Paulo) e concluimos em 2005, daí foi mais um ano no esquema de mixagem/masterização/prensagem e os acertos normais, de acordo com a agenda e as finanças de cada envolvido…




Eitta-E o lançamento, como pretendem? Será que vai pintar shows em Sampa, Rio e Brasília? afinal a banda esta com braços nessas cidades.
RafaelJr-Estamos indo agora no fim de novembro para o Goiania Noise, que é uma vitrine, mas não vai dar pra estender pra outras cidades, infelizmente. Clinio Jr estará de férias em Aracaju entre dezembro e janeiro e vamos armar algo pelo Nordeste, depois tem que esperar minhas férias pra eu ir ao Rio e SP para shows de lançamento, ainda sem previsão. Enquanto isso vamos divulgando pelo mailing, site, etc.



Eitta-Qual a faixa que melhor representa a coesão/nova formação?
RafaelJr-O conceito do disco com um todo é que representa essa coesão, as canções separadas entre si têm até uma certa diferença entre elas… Tem composições e arranjos de todos, em forma de parceria ou não, tem colaborações externas e tal, mas a mix final combinada com a arte, as letras e os “lados” é que dão a liga…





Eitta-Como tem sido a receptividade ao disco novo?
RafaelJr-Muito boa, principalmente em Aracaju. Todos os jornais deram grande destaque e as vendas vão bem, o que não deixa de surpreender em tempos de mp3 e música gratuita na internet. As pessoas comentam que é nosso melhor trabalho e que a gravação e a arte são ótimas, isso é bom. Fora daqui ainda é cedo pra falar, estão começando a sair boas críticas, timidamente.


Eitta-Como dito anteriormente, as próximas férias devem reservar o reencontro da banda em Aracaju e então será o momento de shows a todo vapor e as velhas e boas jam sessions…
RafaelJr-Não sei se “a todo vapor”, os tempos são outros e também estamos relaxados, viu… Se rolar tour beleza, se não faremos uns shows por aqui, Salvador e Natal, na paz, sem stress… Tô meio calejado pois as últimas vezes que tentei armar uma tour decente pelo Nordeste tive dificuldade em fechar as datas… Acho que a gente não tá na moda! hehehe


Eitta-Vocês tem planos para clips? que tal um projeto para lançamento de DVD? material vcs devem ter aos montes…algo como um registro histórico.
RafaelJr-Tem umas coisas rolando… Um amigo fez uns clips toscos pro You Tube, Werden tá trabalhando no roteiro de “Sunshine” e Gabriela Caldas, uma cineasta sergipana, está interessada em produzir algo com a banda também. Daqui pro fim do ano temos algo concreto. Fora isso, temos imagens do Goiania Noise de 2002 e outras feitas por Maira Ezequiel que usaremos de alguma forma…


> Eitta-Comparando com o início da década de 90, época que vocês apareceram, vejo hoje o rock independente brasíleiro melhor estruturado e a ponto indie-mainstream cada vez menor.Só que o grande problema é que hoje vejo a qualidade bem menor das bandas.O que acha?
RafaelJr-As coisas vão mudando e umas eram melhores, outras piores. Não sei precisar direito. E quanto às bandas, sempre existirão coisas ruins na mídia e no underground, coisas boas na mídia e no underground também… Não há uma regra e tb não penso muito sobre isso, apenas consumo as que me agradam, e são muitas… Já a estrutura está melhor sim… Festivais, sêlos, tudo melhorou e cresceu.


Eitta- O que o rock te ensinou como cidadão que hoje você pode passar para os mais novos?



RafaelJr-O rock foi (pra mim) e é pra muita gente uma porta de entrada para a música em geral, hoje tenho uma profissão (sou músico) e isso começou com o rock, que não pretendo largar nunca porque corre nas minhas veias… Fora isso a gente vai vendo que tem gente séria e gente ruim em tudo quanto é meio, não é diferente no rock e encontrei diversos amigos no país todo, isso não tem preço. Respeitar as pessoas e seus trabalhos imprescindível pra compreender isso melhor.


Eitta-Além de tocar em um número cada vez maior de bandas, o que o batera da Snooze tem escutado?
RafaelJr-Na verdade os trabalhos com música se tornaram cada vez mais burocráticos e profissionais, visando o retorno financeiro (vivo de música). As únicas bandas em que exerço criatividade em arranjos e coloco minha veia “roqueira” é na Snooze e Maria Scombona. Naturalmente são os grupos que me dão mais satisfação pessoal. O que ando ouvindo não dá pra relacionar, é muita coisa. Muito folk (de Bob Dylan e Nick Drake a Wilco e Lambchop, passando por Neil Young e Joni Mitchell). Tô tentando estar atualizado com as bandas novas, mas os hypes não me empolgam mais. Sempre acabo voltando pros álbuns do Elvis Costello ou Van Marrison, mas um cara é exceção e me pegou, to ouvindo muito, viciado: Ben Kweller. Continuo ouvindo muito jazz e soul, sou fã de Marvin Gaye e Curtis Mayfield. James Brown é outra referência.


Eitta-E fanzine? Cabrunco foi umas publicações do gênero mais respeitado no meio alternativo na sua época. Fale mais dele… Aracaju precisa relembrar essas coisas. Quando teremos uma exposição da cena alternativa da terra… com a Snooze, Karne Krua, Adelvan… tanta gente boa que merece ter seu nome relembrado.E o fanzine merece um capitulo especial.Cresci no meio alternativo e aprendi muito lendo Fanzines. Panacea era quase uma Bíblia…
RafaelJr–Sim, sou dessa geração dos zines Papakapica, Esquizofrenia, Midsummer Madness, Make No Sense. Das fitas demo, e das bandas de garagem cantando em inglês, hehehe. Muitos dos caras da época são hoje jornalistas respeitados, donos de gravadora, integrantes de bandas maiores… Foi há mais de 10 anos que conheci os caras da Monstro Discos, por exemplo, antes de o selo existir. Mas não vivo muito do passado, tento estar atualizado com o que tá rolando agora. Se fizerem exposição beleza, tenho os originais do Cabrunco em casa disponíveis…


Eitta- E esse projeto de um disco só de covers, como anda?
RafaelJr–O disco de covers está gravado e vai sair em CD-R porque não vamos pagar direito autoral a ninguém (hehe), mas isso só depois do disco novo/oficial/autoral ter sido bem divulgado, comentado, vendido… Penso que no início de 2007 estaria de bom tamanho.


Eitta- Então, quais os planos para 2007?
RafaelJr-Fazer uns shows, lançar os clips, ampliar a distribuição e venda, manter o site atualizado e principalmente achar um sêlo pra lançar esse CD mais novo na Europa ou EUA. Há tb o plano de um compacto em vinil produzido a distância, assim que tivermos material novo…


Eitta-Para comprar o disco, quais os meios?
RafaelJr-No site www.snooze.com.br explica tudo, vc pode pedir pela Tratore, pelo site da Monstro Discos ou pelo correio com a gente.


Eitta-Guitar band, folk music….são estilos que julgo os seus Preferidos. Diante dessa situação da Snooze, você tem planos que enveredar por um novo projeto nesse estilo?
RafaelJr-Além do Silver Beatles, estou tocando num projeto chamado Blue Box, com Duardo, Augusto Sonic e Oliver que era da Shovit, fizemos show no Tequila Café, é indie rock puro mas não temos música própria ainda… Também não sei se vai durar muito porque Augusto tá indo embora pra Curitiba.


Eitta- Vc, o Augusto fontes andam com um projeto paralelo, alguma perspectiva de evolução?
RafaelJr-Respondido a cima, certo?


Eitta- Vocês fizeram o show de lançamento do CD no último Goiania Noise, terra do sêlo Monstro Discos, que lançou a bolacha. Como foi a experiência?
RafaelJr-A gente tinha ido em 2002 para o lançamento do Let My Head Blow Up também, é um esforço conjunto do sêlo e da banda pra apresentar para o público e imprensa o trabalho novo. A gente já achava o festival o melhor do país, mas é impressionante: os caras conseguiram melhorar e crescer ainda mais! Pra banda foi excelente, reencontramos um monte de gente e fizemos novas amizades e contatos, o show foi bacana e bem comentado por todos. A gente reuniu a formação do disco novo, que não tocava junto desde 2004, com a ida de Fabinho pra Sampa. Agora nos reuniremos de novo em Aracaju dia 29/12 pro lançamento oficial na terrinha, tem tudo pra ser histórico, estamos convergindo as energias pra esse festival na ATPN que trás ainda a tour dos Rockassetes (um orgulho sergipano em SP) e as 3 bandas de Babalu, que também mora na terra da garoa atualmente, e outros novos nomes da cena sergipana.


Amanhã publico o faixa a faixa